segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

15 comentários habituais sobre a gravidez de gémeos

As pessoas têm sempre algo para dizer. Algumas vezes dizem coisas boas mas outras... mais valia fecharem a boca! Posso dizer que sempre que digo que estou grávida de gémeos as pessoas ficam surpreendidas. Algumas acham horrível, olham-me com ar de preocupação ou de pena, como se eu tivesse alguma doença grave. Houveram mesmo situações/pessoas que me marcaram negativamente. Felizmente, a maioria fica feliz por mim, dá-me os parabéns e diz coisas agradáveis como “Gémeos?! Que lindo! Parabéns”, “Que sorte! Sempre quis ter gémeos. Acho tão bonito.”, “Gémeos? Foste abençoada.” ou “Dois bebés! Que alegria!”
E claro, outras pessoas fazem perguntas por pura curiosidade, porque não é assim tão habitual verem grávidas de gémeos. E eu respondo toda orgulhosa 😌
Enfim, há de tudo. Mas há comentários que são clássicos 😉

1. Agora é que tu vais ver o que custa a vida.
“Tens noção do dinheiro que se gasta em fraldas e leite?”, “Vais ter que gastar tudo a dobrar!”, “Nunca mais vais conseguir andar assim bem arranjada.”, “Vai ser lindo, vai. Um a berrar de um lado, outro do outro lado.”, “vocês não têm noção no que se meteram.” 😒
A maioria das pessoas adora um bom drama. Adoram pintar aquele cenário de uma família com dois bebés, em que a mãe anda sempre de avental, cabelo despenteado, ar cansado, a cheirar a estrugido ou a fralda, que se desdobra para cuidar das crianças e da casa enquanto o pai, que chega sempre a casa tarde e a cheirar a cavalo, se mata a trabalhar para sustentar a família mas o dinheiro nunca chega para tudo. E por isso discutem diariamente enquanto as crianças berram com a fralda suja e ranho a sair do nariz.
Oh gente, menos por favor. Sim, sabemos que as fraldas, o leite, as vacinas, roupas, etc., são caras. Sim, temos noção que temos que comprar tudo a dobrar. E sim, sabemos que vai dar muito trabalho. Muito mesmo. Um dá, dois mais ainda. E então? Não somos os primeiros nem os últimos. Sabemos que vamos ter trabalho e despesa a dobrar mas também vamos ter amor e alegria a dobrar! Vamos ter dois bebés nas nossas vidas e estamos radiantes com isso.

2. Mas têm gémeos na família?
Esta é clássica. 90% das pessoas faz-nos esta pergunta. Não tem nada de mal, simplesmente torna-se cansativo responder sempre a mesma coisa. Tentem entender que não é obrigatório ter antecedentes de gémeos na família, ok?

3. Porquê gémeos? Foi por tratamento?
Outra clássica mas mais indelicada. “Sim, foi. E o teu como é que foi feito? Estavas por cima ou por baixo?” Legítimo, não é? Então se a fulana perguntou como é que os meus filhos foram feitos eu também posso perguntar como os dela foram feitos. Por acaso, até foi com tratamento, sim. Mas gente, têm que parar de perguntar se foi tratamento ou se há gémeos na família. O casal não tem que vos dizer como fez os filhos! Se foi num laboratório, na cama, no chão ou no sofá. Além disso, gravidez gemelar pode acontecer sem que haja tratamentos ou antecedentes na família. Simplesmente acontece.

4. Dois?!? Eh lá! Ganda macho!
Atrevo-me a dizer que 100% dos homens a quem contamos que vamos ter gémeos dizem isto. Dão duas palmadas nas costas do marido enquanto piscam o olho e dizem "Dois! Grande gajo pá!" 😉 Ahahah

5. Ai coitada! O que te foi acontecer...
Quando me dizem isto com uma expressão de horror estampada na cara só me apetece manda-las para um certo sítio. Eu até percebo que para algumas pessoas ter gémeos pareça de certa forma preocupante e acabem por transmitir isso, às vezes até sem querer. Mas isto? Juro que não entendo! Só pode vir de alguém atrasado mental ou assim.
Tive uma situação muito desagradável num evento de família. A tia E., toda feliz e orgulhosa apresenta-me a uma amiga próxima e diz que estou grávida de um casalinho de gémeos. Bem, a horrorosa da mulher, que por acaso tinha cara de cavalo, imediatamente faz uma cara de nojo (sim, leram bem! Nojo!) enquanto me olha de cima a baixo. "Ai meu deus... que horror! Coitada! Dois? A sério? Ai que horror... vai ter que educar os dois ao mesmo tempo? Pois vai! Ai coitada." Digam-me, como é que se reage a isto? É que eu fiquei a olhar para ela enquanto comia os salgadinhos saborosos que tinha no meu pratinho enquanto decidia se lhe batia, se a insultava ou se a ignorava.
"Não olhe para mim com esse ar horrorizado porque eu não tenho nenhuma doença. Olhe que foram muito desejados e estamos muito felizes!", expliquei eu numa tentativa de apelar ao bom senso daquela mulher.
"Pois, pois... mas olhe que vai ter tantos problemas! O corpo, ai meu deus! O estado em que vai ficar. Tem que cuidar bem da pele porque... ai Jesus, e essas pernas vão ficar cheiinhas de varizes..." e não ficou por aqui... 😒 Eu fiquei a olhar para aquele ser estranho com vontade de lhe dizer "horror é a tua cara de cavalo". A tia E. ficou com cara de tacho, sem dizer uma palavra. A cara de cavalo lá acabou por ir à vida dela depois daquele discurso e terminou com um deprimente "Olhe, boa sorte".
Acham normal??

6. A tua vida acabou.
"Não vais mais poder andar bem vestida, nem penteada, nem maquilhada. Não vais ter tempo.", "Diz adeus ao sexo.", "Ui, vais passar a vida a ouvi-los aos berros com tanta coisa para fazer, vais ficar louca!" e por aí fora.
Nossa! Até pensei em internar-me já. O drama, o horror... 😱
Eu sei que vai dar muito trabalho, que vou implorar por um bocadinho de tempo para um bom banho, que vou estar tão cansada e sonolenta que nem me vou lembrar de intimidades. Pronto, e então? Novidades? Não é algo que faz parte de ter bebés? Porque é que estão sempre com o mesmo discurso? Para nos assustar?

7. Que giro! São verdadeiros ou falsos?
Clássico. Pura curiosidade. Entre grávidas e mães de gémeos também é habitual perguntarmos isto mas de uma maneira um bocadinho diferente. Costumamos perguntar se são Bi Bi, Mono Bi ou Mono Mono.
Já agora, para quem não souber deixo aqui uma breve explicação.

Bi Bi - Bicoriónica Biamniótica (duas placentas e duas bolsas) - Habitualmente conhecida por gravidez de gémeos falsos. Dois óvulos fecundados por espermatozóides diferentes. É o tipo de gravidez gemelar mais comum e a que tem menos riscos associados. E é o unico tipo de gémeos que podem ter sexos diferentes.
Mono Bi - Monocoriónica Biamniótica (uma placenta e duas bolsas) - Gémeos verdadeiros. Um óvulo fecundado por um espermatozóide que se dividiu e deu origem a duas bolsas na mesma placenta. Mais rara e com mais riscos associados. Os bebés são sempre do mesmo sexo.
Mono Mono - Monocoriónica Monoamniótica (uma placenta e uma bolsa) - Gémeos verdadeiros. Um óvulo fecundado por um espermatozóide que se dividiu e deu origem a dois bebés na mesma bolsa, na mesma placenta. É o tipo mais raro e com mais riscos associados. Os bebés são sempre do mesmo sexo.

8. Era giro que fosse um casal.
Mais um clássico. É giro é. Mas dois meninos e duas meninas também é giro. E uma grávida que vai ter dois bebés do mesmo sexo estar sempre ouvir "Dois meninos? Oh que pena. Era giro se fosse um casal.", é desagradável. Deixa-nos tristes. Depois lá encolhem os ombros e acrescentam "deixa lá, o que importa é que tenham saúde."

9. Não vale a pena levares muita roupa porque gémeos vão sempre para a incubadora.
Ai sim? Isto dito por alguém que não é enfermeira/o, médica/o, doula nem sequer mãe de gémeos é um bocado escusado. Mania das pessoas falarem de assuntos dos quais não percebem nada. Só sai m***@!
Gémeos têm risco mais elevado de nascerem prematuros relativamente a um bebé só. Mas nem todos nascem prematuros e mesmo que nasçam, nem todos precisam de incubadora. Gente ignorante! Não sabe, não fala! 😤

10. Ui! Vais rebolar! Vais engordar para aí 30 kilos!
Quem faz este tipo de comentários é certamente gente frustrada, de baixa auto-estima e invejosa que precisa de rebaixar os outros para se enaltecer um bocado. Fucking bitch! 😒

11. Já ficas arrumada.
Ouvimos isto montes de vezes. Não soa lá muito bem. Coisifica a mulher. Transmite frieza.

12. Vais querer mais?
Não faço ideia. Mas porque é que estão sempre a perguntar isto se estes ainda nem nasceram? Ainda estamos a viver a magia de preparar tudo para receber estes bebés e já nos estão a perguntar se vamos querer mais. Sinceramente não sei mesmo. Não consigo nem gosto de planear a longo prazo. Faço planos para amanhã e pouco mais. Para já só quero viver esta gravidez que está a acabar e ter os meus bebézinhos comigo. Daqui a uns anos logo se vê. Talvez fique bem assim e não queira mais filhos ou talvez queira uma nova gravidez e outro bebé. Não sei.

13. Esquece. Não vais conseguir amamentar dois.
Mais uma vez, dito por alguém que não é profissional de saúde nem mãe/pai de gémeos, nem sequer mãe. Calem-se pá!

14. Com gémeos vais ter que fazer cesariana.
Outra! E lá vêm os leigos abrir a boca. Não minha gente, nem sempre. Há muitas mulheres que têm gémeos por parto normal. Seja como for, importante é que corra bem para mãe e bebés, independentemente do tipo de parto.

15. Vê lá se te proteges para não teres mais filhos. Era o que faltava!
Mas agora querem mandar no meu aparelho reprodutor? 😮 Querem ver que antes tinha que levar com a pressão das pessoas por não ter filhos e daqui para a frente vou ter que levar com a pressão para não ter mais filhos? Era só o que me faltava 😤 Gente, metam-se na vossa vida. Olhem pelo vosso pipi que olho pelo meu, sim?

Felizmente há pessoas muito simpáticas e agradáveis, sempre com uma boa palavra e que estão desejosas por conhecer os nossos bonequinhos 😍

sábado, 24 de fevereiro de 2018

34 semanas

❤️ 34 Semanas ❤️

Meta atingida 🙏
Ontem foi dia de consulta com a Dra. F. Os bebés estão muito bem, já pesam mais que 2 kg e mexem muito. 😍 Ela pesa 2,222 kg, ele não sabemos ao certo porque estava numa posição muito difícil e ainda por cima não parava de mexer as perninhas. A Dra. F não conseguiu medir o fémur mas pelas medidas do abdómen e da cabeça sabemos que também está com mais de 2 kg.
O colo do útero diminuiu um bocadinho mais, está com 17mm. Já imaginava que podesse estar mais curto porque continuo com muitas contrações, embora sem dor.
A Dra. F disse para continuar a repousar e marcou CTG para dia 1 de Março. Disse que o ideal era chegar às 37 semanas e uns dias.
SAY WHAT?!?!
Ela até se riu ao ver o desespero estampado na minha cara!
“Vá, pelo menos mais 2 semaninhas.”
Eu até não me importava de ir até às 38 semanas... se a minha barriga não estivesse toda a arder! Parece que tenho a pele e a carne em brasa! Parece que o útero está a crescer mas a barriga não consegue crescer mais. E por causa disso não consigo andar normal, com as costas direitas. Ando um bocado corcunda e a segurar a barriga como se ela fosse cair a qualquer momento. É que se endireitar as costas sinto mesmo que a barriga se vai rasgar. Não sei se isto é normal ou não.
Mas o mais importante é que o perigo já passou. Agora que atingimos as 34 semanas e que os bebés passaram os 2 kg estou muito mais aliviada!
Vamos ver quanto tempo mais tenho que esperar para conhecer as minhas miniaturazinhas 🤗

Sintomas:
- Azia
- Dor nas costas
- Dor na barriga
- Dor nas pernas
- Algumas dores de cabeça
- Contrações
- Falta de ar




terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

4 dias...

...Para as 34 semanas!
É claro que queremos aguentar mais mas as 34 semanas são um marco importante. E por isso, para já esta é a nossa meta.
A partir daqui, os riscos diminuem significativamente. A probabilidade de sobrevivência é quase a mesma que um bebé de termo.
Na próxima sexta-feira, com 33 semanas + 6 dias, temos consulta e aí já veremos o estado das coisas. Esperamos que já tenham atingido os 2 kg cada um. Isso já nos deixaria mais confortáveis, caso tenham que nascer.

Quanto a mim... SOCORRO!!!
Já não sei o que fazer, o que comer, em que posição estar.
Juro que tenho a sensação de que a minha barriga vai explodir a qualquer momento! Isto não tem mais por onde esticar, está tudo repuxado! Para já não apareceu nenhuma estria (nem sei como) mas da maneira que isto está vão aparecer agora de certeza. A pele vai ter que rasgar por algum lado, só pode! As veias estão todas bem visíveis, parece um mapa. E dói... 😩 a sério que dói! Sempre que tenho que me mexer um bocado para me virar ou para ir à casa de banho, levanto-me e viro-me muito muito devagarinho, com uma mão a segurar a barriga (parece mesmo que vai cair ao chão) e a outra a apoiar-me na cama, e gemo baixinho 😩 Parece que carrego um saco de tijolos.
As costas doem muito! É desesperante! Estou sempre com uma bolsa quente para aliviar mas às vezes nem assim.
A azia está cada vez pior. Já não há kompensan nem gaviscon que me valha. Parece que tenho um vulcão no estômago que manda lava pelo esófago acima.
Os pulmões também devem estar para aqui todos amassados porque tenho falta de ar. A minha respiração anda sempre ofegante como se tivesse acabado de correr.
As contrações, infelizmente, apesar do repouso e do progeffik, não diminuíram. Às vezes estou algumas horas sem ter nenhuma, outras vezes parece que vêm todas seguidas. Medo!

De vez em quando tento mudar de posição mas quase não me consigo mexer. Ora mexo um braço, ora mexo uma perna mas não saio do sítio. Estão a ver uma tartaruga de patas para o ar? É mais ou menos isso. Coitada, vai andar ali a baloiçar e a mexer as patas mas só com ajuda é que se vai virar.
Como passo o dia todo sozinha, às vezes acontece-me o mesmo. O marido ajuda-me, claro, quando está em casa, ao final do dia. Mas às vezes também acontece de ele querer ajudar por me ver a mexer na cama ou no sofá tipo larva e não perceber o que quero.
“O que estás a tentar fazer? Como te queres por?”, pergunta ele já em posição para me ajudar.
“Não sei...”, respondo num tom meio resignado. A verdade é que não sei mesmo. Rebolo para um lado, rebolo para o outro, mais uma almofada aqui, outra ali e parece que fico pior 😳 com a carne toda amassada.


E pronto, gravidez de gémeos na reta final é isto.
Estou confiante que chegaremos às 34 semanas mas às vezes dá aquele medinho de “morrer na praia”.

Sintomas:
- Dores nas costas
- Dores na barriga
- Dores nas ancas
- Dores nas virilhas
- Contrações
- Azia forte
- Falta de ar

A tomar:
- Matervita 1x/dia
- Ferro 1x/dia
- Neomag (Magnésio e Vitamina B6) 1x/dia
- Vigantol (Vitamina D) 10 gotas 3x/semana
- Progeffik 2x/dia
- Cartia 1x/dia




segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

De Mãe para Mãe

Foi no fórum De Mãe para Mãe que encontrei muitas respostas para as minhas dúvidas.
Foi através deste fórum que consegui chegar ao nome da doença que eu tenho e foi através deste fórum que cheguei ao nome do médico que me tratou.
Aconselhei e pedi conselhos. Partilhei muitas experiências, boas e más. E até fiz amizades!


Infelizmente aquilo já não é o que era. Irrita-me as mudanças que fazem àquilo! Tanto querem fazer que só fazem m**d*!
- Metade das vezes que tento aceder ao site não dá.
- Não consigo ver quando os tópicos em que participo são atualizados.
- Não se consegue editar os comentários.
- O motor de pesquisa, esse até dá vontade de rir. Mais vale fingir que não existe. Ridículo mesmo!
- Todos os dias o fórum é fortemente invadido por dezenas de tópicos asiáticos.
- E a última, comento os tópicos mas o meu comentário não fica lá.

Surgem-me tantas dúvidas nesta fase e não posso recorrer ao fórum.
Mas para que raio foram estragar aquilo que estava bem?? Que grande desilusão! Muito mau mesmo. 👎

domingo, 18 de fevereiro de 2018

"Gravidez não é doença"

Pois claro que não é. Gravidez é uma coisa boa, um "estado de graça". Já a doença é uma coisa má, um estado que ninguém quer.
Mas isto não quer dizer que a gravidez não nos traga limitações e nos impeça de fazer algumas coisas.
É verdade minha gente... Estar grávida é maravilhoso! Mas às vezes dói. Dói as costas, dói a barriga, dói as pernas, causa falta de ar, azia, enjoos e vómitos.
Chega o terceiro trimestre e precisamos de ajuda para calçar, para levantar, às vezes até para tomar banho (principalmente para lavar os pés) e para vestir algumas coisas.


Quando se está de repouso absoluto, que é o meu caso, precisamos de ajuda para tudo! Para levantar, sentar, deitar, higienizar, calçar e vestir. Alguém tem que nos preparar as refeições e trazer à cama / sofá. Estou a ficar uma dondoca! 😌 Agora a sério, torna-se frustrante não poder fazer nada e estar sempre dependente dos outros 😞 Se quero um copo de água tenho que pedir ao marido, se preciso de mais uma almofada tenho que pedir ao marido, se preciso do que quer que seja tenho que pedir ao marido! Coitado, é uma seca para ele. Quanto à casa, a minha mãe vem cá dar uma limpeza de vez em quando e tratar das roupas. Mas mesmo assim não está no seu melhor estado... paciência.


Felizmente não é o meu caso, mas para quem fica com diabetes gestacional ou hipertensão não pode comer certas coisas e tem que seguir uma alimentação cuidada.

Portanto, sim! Gravidez dói e traz limitações. Mas sabem que mais? Posso dizer que é muito bom ter estas limitações e estas dores/indisposições por algo tão bom! De cada vez que sinto aquela azia forte e horrível penso "não é nada de mau. São os meus pequeninos que me estão a empurrar o estômago 😍 Malandros!". De cada vez que tento mudar de posição e sinto uma dor nas costas e na barriga penso "estes dois devem estar a ficar uns gorduchinhos". E é assim... Dores e indisposições por bons motivos.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Susto

E que grande susto!
Domingo, dia 11, deixei de sentir os bebés. Senti pequenos e leves movimentos por volta das 14 horas e nunca mais os senti. Abanei a barriga, fiz festas, massagei, pus música alta e nada. Simplesmente não reagiam a estímulo nenhum. Como devem imaginar comecei a fazer um filme de terror! Por volta das 20 horas liguei para o número das enfermeiras parteiras do hospital onde sou acompanhada, que está disponível 24 horas por dia. Contei o que estava a acontecer e aconselharam-me a ir à urgência. Mas como estava apenas de 32 semanas alertaram para o facto de, caso os bebés tivessem que nascer não poderiam nascer lá que é privado, onde só fazem partos a partir das 34 semanas. E por isso teriam que reencaminhar-nos para o hospital público. Obviamente que seria muito bem recebida lá mas teria que estar preparada para isso, ou então dirigirmo-nos já a um hospital público.

Acabamos por ir à urgência do hospital público da nossa área de residência, do qual não tenho boas recordações. Ía assustada, sem saber que raio de notícias iria receber.
Fui atendida rápido e quando expliquei o que me levou ali, puseram-me logo a fazer CTG - cardiotocografia - para avaliar os batimentos cardíacos dos bebés. Assim que me puseram aquelas coisas na barriga só se ouvia ruídos estranhos. A enfermeira de serviço que pouco ou nada falava, a não ser para suspirar de impaciência e resmungar entredentes sobre o trabalho que tinha, lá mexeu até que apanhou os batimentos.
"Há batimentos cardíacos??" - perguntei ansiosamente. Estão vivos!
"Batimentos há... O resto é outra história." - respondeu num tom seco e pouco esclarecedor. Quê?? Que significa esta resposta? 😰

Fiquei ali deitada cerca de 30 minutos, numa marquesa dura, muito desconfortável, de barriga para cima, sem o apoio de uma almofada. Não sei se estão a imaginar... Mas estar de barriga para cima com uma barriga gigante, sem qualquer apoio é tipo... uma tortura! Sentia que o peso da barriga me estava a esmagar os órgãos. Era difícil respirar, estava a ficar sem ar e sentia uma pressão estranha na cabeça de quem estava com pouco oxigénio. Ainda me queixei mas não me adiantou nada.
"Oh querida tem que aguentar!", respondeu a enfermeira.
Entretanto chegaram os médicos que estavam de serviço, muito simpáticos e salvaram-me. Disseram-me Boa Noite e tudo, vejam lá! Perguntaram como estava e se já tinha sentido os bebés. Respondi que não. Levaram-me então para outra sala para fazer ecografia.
Lá estavam os meus pequeninos sentadinhos no monitor, com os coraçõezinhos a bater normalmente mas nada de movimentos.
Mandaram-me novamente para o CTG mas desta vez iam também administrar um soro glicosado para ver se os estimulávamos. Lá voltei para a marquesa da tortura mais 30 minutos. Nada de movimentos 😞 Nem o soro glicosado os fez mexer.
Vieram novamente os médicos e levaram-me para fazer outra eco. Eram três caras sérias com testa franzida a olhar para o monitor. De vez em quando murmuravam entre si.
"Bom, mamã é o seguinte: Os batimentos cardíacos estão bem mas realmente eles estão demasiado quietinhos. E não os queremos assim. Queremos vê-los ativos! Sugerimos que fique cá internada e que fique no bloco de partos, na sala de expectantes, onde será monitorizada 24 horas sob 24 horas, para ver o que acontece. Há partida está tudo bem mas temos que ser prudentes e vigiar. Caso verifiquemos que algo não corre como o esperado, poderemos ter que intervir mais cedo.", explicou o Dr. de cabelo selvagem. Ou seja, iria ficar internada para vigiar os batimentos cardíacos e outros sinais vitais. À mínima alteração destes parâmetros, faríamos cesariana de urgência.

Tentamos preparar tudo antecipadamente para o caso destas coisas aconteceram. Mas é inevitável criarmos alguma expectativa sobre o grande dia. E digo-vos, não há como estarmos preparadas para isto. Apesar de saber há muito que esta possibilidade existia, não estava preparada para um parto tão prematuro, nem para ter os bebés naquele hospital, nem sei lá mais o quê. Muitas de vocês devem estar a pensar “Minha cara, estás à espera do quê?? Bem-vinda à realidade! Isto é mesmo assim!”
Sim, eu sei que estas coisas são assim, que muita coisa pode acontecer e não há como controlar. Mas sim, fiquei assustada com tudo. Primeiro, com a possibilidade de os bebés terem perdido a vitalidade. Depois, com a possibilidade de não estarem bem e nascerem com algum problema, seja por estarem em sofrimento ou por terem que nascer muito cedo (com 32 semanas ainda são considerados grandes prematuros).

Mandaram-me então despir numa salinha e vestir aquelas batinhas do hospital e a seguir fui para a tal sala/quarto para estar ligada ao CTG durante toda a noite. Até que não fiquei nada desconfortável. Assim que apanharam os batimentos cardíacos de ambos, deixaram-me ficar virada de lado para estar mais confortável e até me arranjaram uma almofada extra para apoiar as costas.

Enquanto isso, o marido foi a casa buscar as malas. Pedi-lhe para acrescentar algumas coisas que neste hospital pedem, que no outro não pedem, como por exemplo, toalhas para mim e para os bebés, produtos de higiene para eles, etc. Pedi-lhe para ter calma e para não stressar. Expliquei direitinho onde estavam as coisas e como fazer. Mas sabem como são os homens... Felizmente a minha mãe foi dar uma ajudinha ^_^

Tentei descansar e dormir um bocadinho mas foi difícil. Estava a imaginar o que se poderia passar a seguir... Fazer uma cesariana de urgência, ver os meus bebés muito pequeninos e frágeis cheios de fios e tubos numa encubadora...
As horas foram passando. De vez em quando vinham mudar aqueles aparelhinhos de sítio e diziam que estava tudo bem.
Por volta das 8h da manhã, algumas enfermeiras vieram despedir-se e desejar boa sorte. Toda a equipa foi muito simpática e atenciosa.
Pouco depois de ter iniciado o novo turno, trouxeram-me o pequeno-almoço e disseram que me iam passar para a enfermaria. Foram excelentes notícias! Com a fome que eu tinha, aquele simples café com leite e aquelas bolachinhas pareceram o melhor pequeno-almoço da minha vida! Soube tão bem que até os meus bebés se mexeram :D pouquinho mas mexeram! O pequeno-almoço também significava que já tinham excluído a hipótese de uma cesariana de urgência.

Também por volta das 9h o marido ligou à Dra. F. para lhe contar o que aconteceu. Ela tranquilizou-nos e explicou que era normal isto acontecer após as injeções de corticoides (a tal betametazona para a maturação pulmonar) e que Domingo era precisamente o pior dia. Que a partir de agora, aos poucos eles iriam voltar a arrebitar. Pediu para termos calma e acrescentou que acreditava mesmo que seria ela a fazer-nos o parto.

Já na enfermaria, 3 médicas fizeram-me nova eco. Lá estavam os meus pequeninos sentadinhos na barriga da mãe, viradinhos um para o outro. E mexiam os bracinhos 😍
Explicaram-me, tal como a Dra. F, que aquela diminuição acentuada de movimentos podia ser explicada pelas injeções de corticoides que pelos vistos os deixa muito relaxados mas que agora iam começar a arrebitar. Tudo o resto estava muito bem. Batimentos cardíacos, fluxo do cordão umbilical, líquido amniótico tudo ok. Assim sendo, deram-me alta. Nem queria acreditar! Que alívio tão grande!

Como tivemos alta por volta das 14 horas, ainda fomos a tempo da ecografia que tínhamos marcada com a Dra. D. Foi a nossa quarta ecografia. Normalmente são 3 mas no caso de gravidez gemelar faz-se mais.
Mais uma vez tudo ok 😃 O colo do útero estava com 22mm e continua bem fechadinho, o que é um bom sinal.

Agora, no conforto da minha casa, voltei a respirar de alívio. Os meus bebés já se vão mexendo :)
Felizmente não passou de um grande susto e estamos bem :)


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

E por falar em riscos...

Estamos de repouso absoluto!
Pois é... Estava tudo a correr tão bem e de repente a coisa deu meia volta.

Hoje tivemos consulta. Os bebés parecem estar bem. Continuam sentadinhos com as cabecinhas juntas. Ele pesa 1,725 kg e ela pesa 1,800 kg. A Dra. F. diz que estão com ótimo peso. O problema foi mesmo o colo do útero... 21mm 😞 Na consulta anterior, há duas semanas, estava com 33mm! A Dra assustou-se um bocado com a rapidez com que o cenário mudou.
Depois de me observar, disse para me arranjar e aguardar um bocadinho. Saiu do gabinete e voltou uns 10 minutos depois com uns papéis na mão.
"Vamos fazer 2 injeções de betametasona por prevenção. No caso de nascerem nos próximos dias, as injeções podem fazer toda a diferença.", disse a Dra.
Betaquantas??
Betametasona é um corticoide usado para acelerar a maturação pulmunar do feto quando há risco de parto prematuro antes das 34 semanas. Este fármaco é administrado através de injeção intramuscular (no rabo!), cada uma com intervalo de tempo de 24 horas. O efeito pretendido dá-se 48h depois e pode fazer toda a diferença! Pode salvar a vida do bebé prematuro!

"Vamos também administrar uma cápsula de progeffik de manhã e outra à noite. E... Não mexe! Nada de tarefas domésticas, nada de nada! Só cama e sofá!"

Foi um choque. Não estava nada à espera disto. Ainda tinha tanto para fazer... Tinha planos para aproveitar as últimas semanas da vida a dois. Um programa especial de São Valentim que já estava reservado e pago, um fim-de-semana a dois num Hotel Spa e a sessão fotográfica de grávida que eu tanto queria 😞
Mas agora o importante é focar-me em manter os meus bebés aqui no quentinho o máximo possível. E quanto a isso farei tudo o que estiver ao meu alcance!
Saí do gabinete ainda com o cérebro às voltas e fui à enfermeira para a primeira injeção de betametacoiso. Amanhã à mesma hora lá estaremos para a segunda dose.

Fiquei triste... Mas pior que isso, fiquei assustada! De repente a minha mente foi assombrada por cenários menos bons e histórias tristes. Sei que com 32 semanas (completamos amanhã) as hipóteses de sobrevivência são boas - cerca de 90 a 95% - mas ainda assim existem riscos moderados associados ao desenvolvimento mental. E ser confrontada com isto não é fácil.

No caminho de regresso a casa, tentei em silêncio organizar as ideias. Pensei nos pormenores que faltavam acertar e combinei tudo com o marido. Conto com a ajuda dele e da minha mãe.
De resto, é respeitar o repouso e tomar a medicação direitinha.

E é isto. O choque já passou. Não vale a pena fazer dramas. Vamos lá tentar atingir a meta das 34 semanas! 💪

Sintomas:
- Azia
- Dor lombar
- Dor nas ancas
- Dor nas virilhas e fundo da barriga
- Contrações de Braxton Hicks (muitas)

P.S. Apercebi-me que afinal não é Metabetazona como tinha escrito mas sim Betametasona 😁 Já corrigi o erro 😳

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Riscos de uma gravidez de gémeos

Desde que decidi engravidar, nunca tive o sonho de engravidar de gémeos, ou melhor, nem sequer pensava muito nisso porque afinal de contas o normal é engravidar só de um. Mas claro que quando se faz tratamentos de PMA sabemos que existe essa possibilidade e sempre que pude transferi 2 embriões, não com objetivo de ter gémeos mas com o objetivo de aumentar as hipóteses de sucesso do tratamento. Se me assustava a ideia de poderem ficar os dois? Não vou mentir. Sim, assustava um bocadinho. Não pelos motivos da maioria das pessoas (ter trabalho e despesa a dobrar) mas sim pelos riscos de uma gravidez gemelar. Não quero parecer dramática mas a verdade é que os casos que conhecia de gravidez gemelar eram um bocadinho assustadores. Gravidezes de alto risco, repouso absoluto, internamento prolongado, partos muito prematuros e... morte de um ou de ambos os bebés.
Ora, tendo eu uma endometriose das grandes e tendo já sofrido fisica e psicologicamente para engravidar, tudo o que eu desejava era uma gravidez tranquila com bebés saudáveis. Depois de tudo o que passei, não queria nada ter internamentos, nem correr para as urgências, nem ficar fechada em casa, isolada do mundo. Queria sim, desfrutar deste estado de graça e sair muito para exibir a minha barriga com orgulho!
A verdade é que a partir do momento em que transferi 2 embriões, queria que os dois ficassem comigo. São meus e quero os dois! E assim foi.
Entretanto, aprendi que isso de gravidez de risco e histórias menos boas, pode acontecer em qualquer gravidez. Uma gravidez normal também pode não correr bem, necessitar de repouso e/ou internamento e também pode acabar em parto prematuro e outros problemas. Por outro lado, uma gravidez de gémeos, apesar de ser mais delicada, pode perfeitamente correr dentro da normalidade e até ter bebés de termo com peso normal.

Alguns riscos da gravidez de gémeos:
- maior risco de aborto
- maior probabilidade de diabetes gestacional
- maior tendência para hipertensão arterial
- maior probabilidade de desenvolver pré-eclâmpsia
- maior tendência para desenvolver anemia
- maior risco de parto prematuro
- restrição de crescimento de um ou ambos os fetos.

É claro que tudo isto pode acontecer numa gravidez normal.
Quanto a mim, para já, posso considerar-me uma felizarda por estar tudo a correr bem. Nada de diabetes, hipertensão ou anemia. Quanto aos bebés, para já também parecem ótimos e com um peso muito bom e equilibrado. Agora é viver um dia de cada vez, o mais tranquila possível e esperar que tudo continue assim.