quinta-feira, 28 de abril de 2016

D8

Desânimo... não sei o que fazer nem o que pensar.
Hoje é o dia 8 após a transferência. Seria o 10° DPO se fosse um ciclo normal. Até ao D5 tudo ok. Peito inchado e dorido era a única coisa que sentia. Foram dias tranquilos com mimos do marido e da minha filhota de 4 patas. A partir do D6 começaram as moínhas no fundo da barriga... como sempre. No D7 as moínhas aumentaram e juntaram-se umas picadas. Hoje, D8, mais moínhas, mais picadas, mais dores nos ovários e, o pior de tudo, o peito deixou de estar dorido e inchado. Tudo igual mas tão igual a todos os outros ciclos de tentativas falhadas, incluindo o ciclo da primeira FIV. Sempre os mesmos sintomas uns dias antes do Hellboy aparecer.
Medo, raiva, desespero. É o que sinto neste momento.
Espero o pior.

Que corpo é este?

quarta-feira, 27 de abril de 2016

10 comentários infelizes sobre (in)fertilidade

Não sei se convosco também é assim mas comigo o "massacre" das pessoas acerca deste assunto era constante. E digo "era" porque ao longo deste tempo fartei-me de tal maneira dos comentários infelizes e das perguntas indiscretas que comecei a adotar algumas medidas para me proteger. Car@lho! Em cada almoço de família a pergunta era sempre a mesma "E bebés, para quando?". Cruzava-me com alguém conhecido na rua e lá vinha a pergunta "E o bebé já vem a caminho?". Até aquelas "amigas" que estão fartas de saber que tenho a maldita da endometriose, de saber que conseguir uma gravidez é algo difícil e complexo e saber que o assunto é emocionalmente delicado para mim, não se inibiam de perguntar todos os meses "Então, já estás grávida?" E o pior é que perguntavam isto com aquele sorriso palerma estampado na cara! Eh pá! Dava-me uma camada de nervos que só me apetecia manda-las para o Car... ATCHIM! Ai... desculpem... um pêlo no nariz fez-me espirrar de repente. Onde é que eu ia? Ah sim! Apetecia-me logo manda-las para o Caribe de férias para ver se se distraíam e deixavam de fazer perguntas indelicadas!
Cansei de responder "Para já não, mais tarde" ou "quando tivermos a vida mais organizada" ou "quando vier vem". Então, experimentei "abrir o jogo" e explicar que estavamos com problemas para engravidar e é aí que começam os verdadeiros comentários infelizes... Como sou pouco tolerante ao preconceito e à indelicadeza, logo comecei a dar respostas como "Não posso ter filhos. Não quero falar disso e agradeço que respeitem." Foi (quase) remédio santo e a maioria deixou-me em paz. Sei que falam do assunto na minha ausência mas pelo menos não me fodiam a cabeça.
Atenção, sei que muitas vezes as pessoas não o fazem por mal. Infelizmente, não passa pela cabeça de muita gente que um casal jovem e aparentemente saudável não consiga ter filhos, mesmo tendo aquela doença estranha chamada endoqualquercoisa que os médicos dizem não ser grave e que "quando engravidar isso passa". Infelizmente a sociedade não está consciencializada deste problema. Mas temos que admitir que estes comentários são, na sua maioria, fruto de muita ignorância, indelicadeza e preconceito à mistura.

Com isto, consegui reunir numa lista alguns comentários típicos sobre o assunto, alguns que tive a infelicidade de ouvir, outros, que colegas de guerra partilharam comigo.

1 - Porque não adotas? Há muitas crianças abandonadas à espera de uma família.
Gente, acham mesmo que estão a dar uma grande novidade como se fosse uma solução eficaz?
Sim, a adoção pode ser uma alternativa. Mas por favor, não dêem esta sugestão como se fosse a decisão mais fácil do mundo porque não é. Não falem da adoção como se fosse fácil abdicar de um filho biológico. Não falem de adoção como se fosse fácil abdicar de todo o processo de gravidez! E por último, não falem de adoção como se fosse algo simples e rápido como se se tratasse de ir a uma loja comprar um cachorrinho, em que escolhemos o mais giro e fofo, pagamos e trazemos para casa. Não é assim que funciona! Antes disso, o casal provavelmente quererá esgotar todos os recursos possíveis para ter um filho biológico. Caso não aconteça, aí sim, poderá ponderar a adoção, mas antes precisa fazer o luto da situação. Além disso, o processo de adoção é longo, podendo demorar vários anos, e emocionalmente desgastante.
Não é bem verdade quando se diz por aí que há muitas crianças abandonadas à espera de uma família. Há sim muitas crianças institucionalizadas, mas aptas para adoção não há assim tantas.
Obviamente que nem todos vêem a adoção da mesma maneira. Há casais que só recorrem à mesma em último recurso, outros preferem esta opção em vez dos tratamentos de PMA, outros querem adotar independentemente de terem ou não filhos biológicos e outros não querem adotar, seja qual for a circunstância. De qualquer maneira, respeitem o casal e não sugiram a adoção, como se fosse algo simples e banal, quando o casal tenta desesperadamente ter um filho biológico.

2 - Isso é da ansiedade. Basta relaxar e vais ver que engravidas logo.
A sério? Depois de tantos médicos e exames vocês, espertinhos, descobriram a causa! A ansiedade! Oh gente, pelamordedeus! Informem-se antes de fazerem este tipo de comentários. A ansiedade pode ser algo bem chato e pode causar alguns sintomas físicos, quando ultrapassa a ansiedade normal e se torna patológica. Mas não causa infertilidade. Por favor, não digam a um casal com um diagnóstico de endometriose, um diagnóstico de azoospermia, um diagnóstico de Síndrome do Ovário Poliquístico ou um diagnóstico de Falência Ovárica Precoce que o problema deles é a ansiedade! Se assim fosse não seriam necessários procedimentos caros e complexos, bastando apenas um simples e barato ansiolítico.

3 - Vão de férias que quando chegares cá já estás grávida.
Aaaiiii... quem me dera que isto fosse verdade. Em vez de gastar uns 4 ou 5 mil euros num tratamento de PMA, eu ía adorar pegar nesse dinheiro e ir antes a uma agência de viagens comprar um pacote Especial Fertilidade - All Inclusive nas ilhas Maldivas! Quem é que precisa de auto-injetar hormonas artificiais, ecografias e fertilizações in vitro quando pode ir de férias para um local exótico?

4 - Se não consegues engravidar é porque Deus não quer.
Confesso que esta é das que mais me irrita e entristece. E talvez aquela que mais revela a ignorância humana! Obrigadinha por acharem que Deus nos considera de tal maneira horríveis que não quer que sejamos mães. Mas então e aqueles casos, de mulheres que engravidam e fazem IVG só porque sim? E aquelas que têm os filhos e os maltratam, matam e abandonam? Deus enganou-se no ventre?

5 - Eu faço um bebé a mais e dou-te.
Até parece que estão a falar de um cabo de cebolas que têm a mais e que podem dispensar. Céus! Agradeço a grandiosa generosidade mas dispenso. Caso não tenhas reparado, eu não quero um filho teu, quero um filho meu e do meu marido.

6 - Deixa lá. Há coisas bem piores na vida.
Para ti, talvez. Mas para mim, que a única coisa que sempre quis na vida foi ser mãe, não há nada, repito NADA, pior! Se não tenho a única coisa que sempre quis, o que pode haver de pior? Para alguém que sempre sonhou ser um jogador de futebol de sucesso e desde pequeno lutou e fez por isso, não deve haver nada pior do que ter uma grave rotura de ligamentos ou outra lesão que o impeça de jogar futebol.
E não sejam baixos ao ponto de dizer: "podia ser pior, podias ter um cancro!". Sim? Também dizem a alguém que acabou de amputar uma perna "deixa lá, podia ser pior. Podias ter de amputar as duas." ... o problema é que eu sei que há gente estúpida o suficiente para o dizer...

7 - Não sabes a sorte que tens. Podes gozar a vida à vontade. Se eu sabia não os tinha tido.
E vem esta gente falar de boca cheia! Haja paciência... Sorte? Por desejar muito um filho e não poder? Por ter que fazer tratamentos invasivos? Por ter de abdicar de muitas coisas para poder pagar um tratamento? Se isso é sorte não quero imaginar o que é o azar! Então quando a causa é uma doença como endometriose, este comentário ainda se torna mais parvo e infeliz. Enfim...

8 - Tens a certeza que queres ter filhos? Olha que dão muito trabalho e muita despesa.
Não me digam! A sério que dão trabalho e despesa? Não fazia ideia! Perguntar a uma pessoa que já fez uma série de procedimentos chatos e dolorosos se tem a certeza que quer ter filhos é um bocado mau, não? Quanto à despesa, essa até dá para rir. Querem mesmo debater o preço das fraldas com alguém que já gastou milhares de euros com um filho que ainda nem existe?

9 - Mas vocês fazem sexo?
Eh pá... Esta é tão estúpida mas tão estúpida que eu acho que nem vale a pena comentar. À frente...

10 - Vais querer um filho feito em laboratório? A criança não pode nascer com problemas? E vai ser parecido com quem?
Ainda há quem ache que os bebés concebidos com ajuda da medicina são inventados em laboratório assim do nada. Lol! Não sei qual é a ideia que as pessoas têm sobre a conceção mas os bebés concebidos com ajuda da medicina de reprodução, tal como os bebés concebidos de forma natural, são fruto da união de um óvulo e de um espermatozóide. Ok? E, em ambos os casos, serão parecidos com a mãe e/ou pai, eventualmente com avós e tios. Quanto a possíveis problemas que a criança possa vir a ter, são exatamente os mesmos que uma criança concebida de forma natural. Isso pode acontecer e ninguém pode prever.

Fica aqui o apelo aos saudáveis/férteis: Não façam comentários infelizes nem perguntas indelicadas. Não sejam inconvenientes! Respeitem as pessoas que passam por esta situação e dêem-se ao respeito! Não sabem se um dia, vocês próprios ou os vossos filhos, também poderão vir a passar por uma situação idêntica.

Aos que estão na mesma situação que eu, lembrem-se: não são os únicos que lidam com estes comentários chatos e embaraçosos.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Transferência embrionária

No dia seguinte à punção acordei muito cedo. Não conseguia dormir. Desta vez, sabia que o telemóvel ía tocar, independentemente das notícias serem boas ou más. Sentia-me muito ansiosa!
O telemóvel tocou às 10h30 e eu não tive coragem de atender. Dei o telemóvel ao marido e fugi para não ouvir a conversa. O meu coração parecia que me ia saltar do peito!
O marido aproxima-se para contar as informações recebidas e eu sinto o coração ainda mais acelerado.
"O que estava imaturo não amadureceu para poder ser microinjetado. Dos quatro restantes, dois degeneraram e os outros dois foram microinjetados. Um deles está a desenvolver bem, o outro está um bocadinho mais lento mas não quer dizer que não gere um bom embrião. Temos de estar lá amanhã às 15h30. Tens de ir com a bexiga cheia e levar o progeffik para depois o colocarem."
Mais uma vez, senti que o Universo estava contra mim... Fiquei revoltada, gritei e chorei. A minha esperança parecia ter-se evaporado.
No dia seguinte, quarta-feira, dia 20, acordei ainda mais nervosa e angustiada, como se esperasse más notícias. Já esperava que me ligassem do laboratório a dizer que afinal já não ía haver transferência, porque os embriões pararam de se desenvolver ou que estavam com uma qualidade muito fraca. Ironicamente, durante a manhã recebi algumas chamadas mas nenhuma foi do laboratório. Cada vez que o telemóvel tocava pareciamos baratas tontas a correr sei lá para onde. Que patetas!
A manhã passou, almoçamos e não recebemos nenhuma chamada do laboratório. Se aquilo me tranquilizava? Mais ou menos... não sabia se iamos chegar lá e iamos ter más notícias.
Quando chegamos, o marido perguntou logo à bióloga qual era a má notícia desta vez. Pois é... já estamos habituados a que hajam más notícias a cada etapa. A bióloga informou-nos então que dos 2 ovócitos microinjetados, 1 não evoluiu para embrião. Mas o outro evoluiu e estava bonito e com um bom desenvolvimento. Estava classificado como B6, ou seja, tinha 6 células, o que é muito bom, visto tratar-se de um embrião de 2 dias, em que o esperado são 4 células. Disse que só não teve uma classificação de A porque tinha uns pequenos risquinhos. Explicou também que nestes casos optam por fazer a transferência ao segundo dia, porque como o embrião já está selecionado, não há vantagem em mante-lo em cultura. O melhor ambiente é sem dúvida o do útero materno, onde o embrião recebe outros estímulos que em cultura não recebe.
Ficamos logo desiludidos (ainda mais!) por ser apenas um. As nossas hipóteses foram logo reduzidas para metade. E o facto do embrião ser de dois dias deixa-me muito insegura, pois o desenvolvimento dele é muito imprevisível e assim não há forma de saber se ele continua a desenvolver bem...
Fomos para a sala onde fiz a punção e o Dr. J. veio fazer a transferência. Li-lhe a mesma expressão facial que no dia da punção. Fez-me uma festinha, e conversou um bocadinho connosco. Pediu para não ficarmos tristes, para acreditarmos todos neste embriãozinho que estava bom e bonitinho. E, caso não resultasse, pediu para não ficarmos depressivos e a pensar que não iamos conseguir. Entendia o nosso enorme desgaste emocional e financeiro mas queria que fossemos fortes e seguissemos em frente confiantes. Achei muito querido e atencioso da parte dele e também das biólogas.
A transferência foi feita sem dificuldade. O Dr. J. despediu-se de nós e disse que esperava boas notícias em breve.
Enquanto estava a repousar, o Professor veio dar-nos uma palavrinha. Apresentou-se e desejou muito boa sorte e felicidades. Disse que apesar do tratamento não ter corrido como o esperado, tinhamos um bom embriãozinho, e embora seja só um, "mais vale só que mal acompanhado".
No final, a D. Manuela que é uma grande porreiraça também se despediu de nós com dois beijinhos e um forte abraço e desejou-nos muita sorte.
E lá viemos embora, um pouco mais conformados com a situação. Estou contente por ter tirado o miúdo dos frascos e te-lo comigo. Agora só queria que se portasse bem e não fugisse da mamã.

Atualização do protocolo:
07/04 Gonal-f 150 UI
08/04 Gonal-f 150 UI
09/04 Gonal-f 150 UI
10/04 Gonal-f 150 UI
11/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg (Eco)
12/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
13/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
14/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg (Eco)
15/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
16/04 Pregnyl 10000 (Eco)
17/04
18/04 Punção. Progeffik 200mg de 8 em 8 horas
02/05 Beta-hcg

Punção

Já devia ter vindo escrever sobre isto há mais tempo. Mas os últimos acontecimentos desorganizaram-me os pensamentos... não conseguia escrever nada de jeito.

Na passada segunda-feira dia 18 fiz a minha punção. Chegamos à clínica por volta das 8h30. Levaram-me para uma sala com wc e mandaram despir a roupa e vestir a bata. Às 8h45 fui para a sala da punção, onde já estava o médico anestesista e o Dr. JB. Disseram-me que já sabiam que a punção no CHAA tinha corrido mal mas que não me preocupasse que desta vez não iria haver problemas com a anestesia nem com o óvario tímido. Quanto ao resto logo se veria.
"Bons sonhos", disse o médico anestesista.
Acordei com miminhos do marido... hmmm tão bom. Perguntei logo quantos ovinhos tinhamos mas ele ainda não sabia, apenas sabia que a punção tinha corrido bem e tinha sido rápido, demorou cerca de 10 minutos.
Chega uma enfermeira com um cházinho com bolachas e um ben-u-ron e informa-nos que tiraram 5 óvulos. FUCK! Outra vez não! O que é que foi agora??
O Dr. J. veio falar connosco e mal entrou na sala pude ver uma expressão triste e desiludida. Disse que não correu como nós queríamos. Ambos os ovários foram puncionados. Confirmou que realmente um deles tinha um acesso um pouco mais difícil mas nada por aí além, já tiveram casos bem piores. O problema foi mesmo o facto de alguns folículos não conterem ovócitos. Mas que raio! Afinal sempre tenho folículos vazios! Depois disto, chegamos à conclusão que no CHAA para além do ovário não puncionado, também houveram folículos vazios. Mas pediu para não ficarmos tristes e para termos esperança nestes ovinhos. Entretanto o Dr. C. veio dar um "Olá" e estivemos a debater sobre as possíveis causas dos 3 pró-núcleos na primeira FIV e a ponderar se seria melhor com ou sem microinjeção. Embora a bicharada do marido esteja muito boa, decidimos fazer ICSI. Se houvessem muitos óvulos fariamos FIV mas neste caso, tendo em conta o historial, decidimos não arriscar. Pelo menos desta vez sabemos que não vão praticar poligamia, fazer ménage à trois nem nada dessas modernisses. Safados! 😑



Já depois de sairmos da clínica, a bióloga ligou-nos a dizer que dos 5, 1 estava imaturo. Disse que iam ver se ele amadurecia até ao dia seguinte mas de qualquer forma, disse para não contarmos muito com ele. Regressamos a casa um pouco desiludidos. Mas na expectativa do que poderia acontecer...
Pelo menos nesta punção conseguiram alcançar os dois ovários, não houve nenhum problema com a anestesia, não houve nenhuma hemorragia (nadica de nada) e acordei praticamente sem dores. Da primeira vez acordei com dores horríveis e uma compressa enorme cheia de sangue. Parecia que me tinham arrancado os órgãos e esfaqueado por dentro. Um verdadeiro filme de terror! Desta vez nem parece que fiz punção. Foi muito tranquilo.

Atualização do protocolo:
07/04 Gonal-f 150 UI
08/04 Gonal-f 150 UI
09/04 Gonal-f 150 UI
10/04 Gonal-f 150 UI
11/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg (Eco)
12/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
13/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
14/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg (Eco)
15/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
16/04 Pregnyl 10000 (Eco)
17/04
18/04 Punção. Progeffik 200mg de 8 em 8 horas


sábado, 16 de abril de 2016

Terceira monitorização

... e última! Afinal vou fazer a punção na segunda-feira dia 18 às 8h50. Isto poderia ser uma boa notícia, não fossem os meus ovários um par de hipócritas! Passaram de 15 folículos a 11, e de 11 passaram a 8... Ou melhor, os 15 continuam lá mas metade estão demasiado pequenos e não servem para nada. Enfim... vá-se lá entender! Pelo tamanho, o Dr. J. espera ter 8 maduros.
Estou triste, desanimada, chateada... agora, mais do que nunca, tenho o desfecho da última fiv muito presente na minha cabeça. Também tinha 8 folículos de bom tamanho, pelo que contavam com 8 ovócitos maduros. E no fim foi o que foi... sinto que a história se está a repetir.

Hoje já administrei o pregnyl 5000 x 2 numa injeção intramuscular às 20h50 e assim despedi-me das picas.

Atualização do protocolo:
07/04 Gonal-f 150 UI
08/04 Gonal-f 150 UI
09/04 Gonal-f 150 UI
10/04 Gonal-f 150 UI
11/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg (Eco)
12/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
13/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
14/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg (Eco)
15/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
16/04 Pregnyl 10000 (Eco)
17/04
18/04 Punção

Resta-me esperar que ao menos desta vez a punção corra bem, sem surpresas desagradáveis. Espero que não haja nada de folículos vazios, nada de óvario fugitivo, nem hemorragias, nem resistência à anestesia.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Segunda monitorização

Ontem de manhã foi dia de mais uma ecografia de monitorização.
As coisas não estão a correr grande coisa... Dos 15 folículos detetados anteriormente, 4 não desenvolveram. Os restantes 11 cresceram mas cresceram pouco. Estão com um tamanho entre 10 e 16. Oh lentidão! O Dr. J., que tinha apontado a punção lá para segunda-feira dia 18, diz que talvez só lá para terça ou quarta é que se poderá fazer. Ainda ponderou aumentar a dose da medicação mas ficou com receio de uma hiperestimulação. Pediu para continuar com a mesma dose, ir lá no sábado para mais uma eco e depois logo se vê. "Um passo de cada vez", disse ele.
Já me sinto bastante inchada e com umas pontadas no fundo da barriga jeitosas.
Para ajudar à festa, hoje acordo com sintomas de infeção urinária 😐 Sabem aquele ardor que fica depois de fazermos xixi em que só nos apetece ficar com as pernas encolhidas? Pronto, é assim que eu estou.


Liguei para a clínica e o Dr. J. disse que isto pode ser efeitos da estimulação. Pediu para beber muita água para manter o xixi sempre o mais clarinho possível e ver como me sinto ao longo do dia. Se não melhorar, tomar monuril 3mg, uma saqueta hoje e outra amanhã à mesma hora.
SAI DAQUI NUVEM NEGRA!

Atualização do protocolo:
07/04 Gonal-f 150 UI
08/04 Gonal-f 150 UI
09/04 Gonal-f 150 UI
10/04 Gonal-f 150 UI
11/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg (Eco)
12/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
13/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
14/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg (Eco)
15/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
16/04 > Eco

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Primeira monitorização

Hoje de manhã lá estava eu naquela famosa cadeira com as pernas em V 😳
Estava nervosa e com medo do que podesse ouvir. O Dr. J. começa a ditar os números para a assistente e eu "afiei" os ouvidos. No meio daqueles números ouvi o que mais me interessava: 8 + 7. 15 no total! Ah, assim está bem!
O Dr. J. diz que os ovários estão a responder muito bem e o tamanho dos folículos é o esperado para esta altura. Diz que vamos manter a mesma dose, pois não quer que eles estimulem demasiado.

Resumindo:
☆ 15 folículos entre 7mm e 12mm.
☆ Endométrio trilaminar 8mm.

Tudo ok para esta altura. Ufa! Que alívio! 😄
A partir de hoje começo a administrar também o antagonista, 1 injeção por dia, e continuo com 150 UI de Gonal-f. Saí de lá com uma prescrição de Gonal-f 450 UI e Orgalutran 0,25mg. SOCORRO! A MINHA CARTEIRA ESTÁ SEMPRE A SER ASSALTADA!  

Atualização do protocolo:
07/04 Gonal-f 150 UI
08/04 Gonal-f 150 UI
09/04 Gonal-f 150 UI
10/04 Gonal-f 150 UI
11/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg 
12/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
13/04 Gonal-f 150 UI + Orgalutran 0.25mg
14/04 > Eco


Estava com receio da injeção de Orgalutran porque a agulha é mais grossa e porque já li que algumas meninas não gostam. Realmente sente-se mais a picada, é verdade, mas não doeu. Durante alguns minutos depois senti um ligeiro, mas mesmo muito ligeiro, ardor no local da injeção. Mas, meninas que vão usar o orgalutran, não tenham medo, tá? É tranquilo. Além disso, nós somos mulheres de guerra!


SOMOS OU NÃO SOMOS?

domingo, 10 de abril de 2016

Não paro de pensar

Hoje foi o quarto dia de picas. Amanhã é a primeira ecografia de monitorização e estou cheia de medo. Porquê o medo? Porque me sinto normal. Tão normal que até dá medo! Com tantas hormonas já não era para sentir qualquer coisa? Não sinto a barriga inchada, nem pontadinhas no fundo da barriga, nada. Nadica de nada! Parece até que os meus ovários são imunes às picas. Daí o medo... medo de chegar lá e ficar a saber que os ovários não estão a responder devidamente.
Não paro de pensar no desfecho da fiv anterior!
Não paro de pensar que não vou ter óvulos suficientes para puncionar!
Não paro de pensar que eles fecundam, mas fecundam mal!
Não paro de pensar que se calhar não tenho óvulos bons!
Não paro de pensar que a endometriose está a aumentar e pode estragar tudo!
Não paro de pensar que já devia ter sintomas da estimulação e não tenho!
Não paro de pensar que as taxas de sucesso são baixas!
Não paro de pensar que se este tratamento não resultar, não tenho condições financeiras para fazer outro!
Não paro de pensar que o meu corpo está estragado e defeituoso!
Não paro de pensar que estou impedida de realizar o sonho da minha vida!
NÃO PARO DE PENSAR QUE NÃO DEVIA PENSAR!
E não paro de pensar que não sei como não pensar...


Yes, I'm crazy 😞

sexta-feira, 8 de abril de 2016

As agulhas e Eu

Depois de ler alguns testemunhos positivos e alguns estudos que comprovam a eficácia da medicina tradicional chinesa na fertilidade, decidi começar a fazer acupuntura na clínica Dr. Domingos Silva. Hoje fiz a minha terceira sessão.
Custa-me a perceber como é que espetar agulhas no corpo ajuda a combater doenças mas pronto. Parece que as agulhas estimulam pontos energéticos, os quais estão associados a determinados órgãos.
Quanto ao ser indolor, bem... não sendo algo doloroso, também não se pode dizer que seja indolor. Algumas agulhas quase nem se sentem, outras sente-se bem a picada mas nada por aí além. Por vezes uma ou outra dá uma espécie de choque que dura 1 ou 2 segundos. "Mas Mia, já não estás farta de agulhas?", perguntam vocês. Oh pá, digamos que as agulhas e eu já temos uma relação íntima, percebem? Tipo, reclamo mas ando sempre atrás delas.
Cheguei a sugerir ao marido fazer acupuntura comigo.
"Hmmm... sabes que as agulhas e eu...", respondeu com aquele ar de "Não me peças isso por favor!"
Pussy! 😑

Por falar em agulhas, hoje foi o meu segundo dia de picas. Não, não estou a falar das picas chinesas. Estou a falar das picas de Gonal-f, que por acaso é bem mais prático que o menopur, em que temos que misturar o pó com o líquido e aspirar as doses certas na seringa. Este já vem preparado numa prática caneta. É só regular a dose que queremos e aplicar a agulha. É tão simples que eu até fiquei a olhar para a caneta como um burro a olhar para um palácio! Sei lá, achei que aquilo era muito à frente.
"Dá cá isso." O marido pega na caneta e começa a prepara-la como se já fizesse aquilo à anos.
"Uau! Tu percebes disto.", elogiei.
"Não percebes nada de novas tecnologias hahaha!" 😅

quinta-feira, 7 de abril de 2016

2ª FIV

E finalmente o Hellboy apareceu na terça-feira à noite. "Cá estás tu! Sempre a ameaçar, a ameaçar e nunca mais vinhas. Cobarde!"
Ontem de manhã fomos à clínica para por tudo a andar.
Entramos no consultório do Dr. J. e ele muito bem disposto e sorridente pergunta: "Então, como tem passado? Preparada para a luta?" Respondi um tímido "Sim". Sei lá se estou preparada. Estou é cheia de medo!
"Ora vamos então fazer ecografia." Ecografia? Com "isto tudo" aqui no meio. Que vergonha 😓
"Não se preocupe. O Dr. está mais que habituado a fazer ecografias nestes dias. Esteja à vontade.", tranquilizou-me a assistente. Quando o Dr. introduz a sonda sinto uma grande quantidade de sangue a sair. "Eh lá!", exclamou o Dr. J. Ah pois! O Hellboy não brinca em serviço! É pior que uma cascata!


Não se viram endometriomas na ecografia (ainda bem) mas pelos valores do CA125 e pelo incómodo que eu senti sempre que mexia a sonda, a diabólica está lá, tal como eu temia. O Dr. J. disse que o ideal seria fazer o protocolo longo com agonista para bloquear a atividade da endometriose mas como fiz isso na última FIV no CHAA e correu mal, ele quer fazer o protocolo curto com antagonista.
Relativamente ao valor da anti-mulleriana que desta vez deu um valor muito mais alto, ele não se mostrou surpreendido. Disse que já esperava isso, uma vez que o primeiro valor não era coerente com os folículos antrais. Agora sim, este valor de 4.8 já condiz com a contagem de folículos antrais. A explicação, segundo ele, está mesmo na técnica dos laboratórios.
Em princípio será uma FIV, visto que a bicharada do marido está boa de saúde. Mas se por algum motivo, na punção se recrutarem menos ovócitos do que se espera, como da última vez, fazemos ICSI.

07/04 Gonal-f 150 UI
08/04 Gonal-f 150 UI
09/04 Gonal-f 150 UI
10/04 Gonal-f 150 UI
11/04 1ª Eco


Hoje é a primeira pica. Segunda-feira faço a primeira monitorização e depois logo se vê se é para alterar ou manter a dose.
Aiii que ansiedade! Cá estou eu a começar tudo de novo. Como será que vai correr desta vez? Como é que o meu corpo se vai portar? Será que a endometriose vai atrapalhar tudo? 😓

domingo, 3 de abril de 2016

3 anos

E assim se passaram 3 anos desde que comecei a "trabalhar" no meu projeto.
3 anos com muitos médicos
3 anos com muitos exames, análises e cirurgias.
3 anos de tratamentos e muitos medicamentos
3 anos de dor
3 anos de espera...

Deixei o relatório da histeroscopia e cópia das análises na clínica como o Dr. J. pediu. Não ligou, por isso é sinal que está tudo ok para o tratamento.
Agora é só aguardar mais uma visita do Hellboy.
Depois da FIV os meus ciclos mararam! O primeiro foi de 35 dias, o segundo de 31 dias e o terceiro de 32. Hoje estou no 30° dia do ciclo por isso durante esta semana deverá aparecer. Espero eu! Até já estou a sentir as típicas moínhas pré-Hellboy.

Despacha-te Hellboy! Se é para apareceres e é então despacha-te e não me faças perder mais tempo! Já me causaste danos que cheguem!

Consulta CGR Alberto Barros

Estava arrasada e sem saber o que fazer. Estava sem esperança! Se não dá para puncionar um ovário, por sinal aquele que responde melhor à indução, as hipóteses são muito baixas.
O marido animou-me e convenceu-me a arriscar um tratamento no privado. Conversamos e decidimos marcar nova consulta na clínica do Prof. Alberto Barros. Já tinhamos o resultado do espermograma e dos cariótipos com resultado normal. Mas antes de fazer a histeroscopia quis mostrar o relatório da primeira FIV e contar-lhe as novidades da punção, que afinal não eram folículos vazios mas sim um ovário escondido que não se permite puncionar.
Depois de me ouvir, o Dr. J. disse que embora não me podesse garantir que não voltasse a acontecer o mesmo, achava difícil não conseguirem faze-lo, pois já contam com muitos anos de punções naquela clínica. Além disso, não se recordava de ver um ovário assim com tão má posição na ecografia anterior. De qualquer forma, para confirmar pediu para fazer nova eco.
"Os ovários estão mesmo aqui à mão de semear!", exclamou enquanto fazia a eco. "E... olhe, um ovário está bom. E o outro está excelente! Da última vez apontei 8 + 4 folículos antrais mas agora estou aqui a ver mais alguns. Essa anti-mulleriana de certeza que vai dar um resultado mais alto."
"Isso é possível??", perguntei.
"É." Nice ☺

Ok. Estava no 5° dia do ciclo. Combinamos tudo para iniciar o tratamento no ciclo seguinte. Propôs um protocolo curto com antagonista e deu-me todas as informações necessárias. Pediu para deixar cópia do relatório da histeroscopia e das análises, incluindo anti-mulleriana e CA125, assim que estivessem prontas e ligar para a clínica assim que viesse a menstruação para ir buscar as receitas da medicação.

☆Histeroscopia normal. Yupiiii 😃
☆Anti-mulleriana 4.8 ng/mL 34.27 pmol/L wooooowwww! Estou mais fértil??
☆CA125 75 Ups! 😕

Como é que a anti-mulleriana aumentou tanto em pouco mais de meio ano?? Ele bem disse que achava que ia aumentar. Mas assim tanto??
E o CA125? Será que vai atrapalhar?